MONTEPEROBOLSO - ETNOGRAFIA
O objectivo deste modesto trabalho é dar a conhecer a povoação do Monteperobolso, sua freguesia, seu concelho as suas gentes e espaço geográfico em que se insere - Planalto da Beira Raiana, prolongamento da Meseta Ibérica
Símbolos Heráldicos
Brasão: escudo de ouro, dois brandões de vermelho, acesos do mesmo e realçados de prata, passados em aspa e dois feixes de três espigas de centeio de verde, tudo alinhado em roquete; em campanha, monte de verde, movente da ponta. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «MONTE PEROBOLÇO».
Bandeira: vermelha. Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.
Selo: nos termos da Lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de Monte Perobolço - Almeida».
Nota:
É estranho que o nome do Monte esteja, nos seus símbolos heráldicos, com grafia incorrecta pois o nome que "sempre se conheceu e escreveu" é Monteperobolso
(Ver Acta da Assembleia Municipal de Almeida de 15 de Novembro de 2012)
Como também é estranho que as placas dos arruamentos do Monte venham coroados com brasão de 4 torres, símbolo de povoações com a categoria de vila e até aos dias de hoje ninguém quis corrigir.
Os erros aceitam-se e desculpam-se, já o mesmo não diremos quando se é relapso
Coisas da vida difíceis de explicar tanto para o município como para a própria freguesia
Ora vejam
Localização
Concelho de Almeida - Divisão Administrativa
Concelho de Almeida - Sistema Rodoviário
Freguesias
Freguesias de Almeida | ||
---|---|---|
Freguesia | População | Área (km²)[1] |
Almeida | 1 314 | 52,42 |
Amoreira, Parada e Cabreira | 383 | 31,40 |
Azinhal, Peva e Valverde[10] | 326 | 47,05 |
Castelo Bom | 216 | 25,04 |
Castelo Mendo, Ade, Monteperobolso e Mesquitela | 266 | 41,88 |
Freineda | 238 | 29,24 |
Freixo | 182 | 17,18 |
Junça e Naves | 192 | 32,40 |
Leomil, Mido, Senouras e Aldeia Nova | 223 | 42,42 |
Malhada Sorda | 334 | 45,77 |
Malpartida e Vale de Coelha | 215 | 29,01 |
Miuzela e Porto de Ovelha | 415 | 28,87 |
Nave de Haver | 358 | 41,13 |
São Pedro de Rio Seco | 181 | 22,59 |
Vale da Mula | 182 | 16,46 |
Vilar Formoso | 2 219 | 15,14 |
Região - Beira Interior Norte Raiana - Extrema Leste
Concelho - Almeida
Distrito - Guarda
Província - Beira Alta
Margem esquerda da Ribeira do Noémi (afluente do Rio Coa)
Margem esquerda da Ribeira do Noémi (afluente do Rio Coa)
Coordenadas - Latitude - 40,554 N; Longitude - 6,980 W
Altitude - 804 m
O Monte ergue-se à entrada de uma meseta que se vai formando por entre os contrafortes a norte da Serra da Malcata (1072 m), terras de Riba Coa e Riba Noemi, até à Serra da Marofa (977 m) a Leste da Serra da Gata (Espanha-Leão)
O Monte ergue-se à entrada de uma meseta que se vai formando por entre os contrafortes a norte da Serra da Malcata (1072 m), terras de Riba Coa e Riba Noemi, até à Serra da Marofa (977 m) a Leste da Serra da Gata (Espanha-Leão)
Curiosidade - Marofa, etimologicamente virá de mor = maior; + ofa = monte
Mas, segundo Adriano Vasco Rodrigues, historiador e arqueólogo natural da Guarda, a toponímia Marofa poderá ser de origem árabe e significa "a que indica o caminho"
Monteperobolso ... Topónimo
Origem e significado muito complicado
É das povoações portugueses que mais grafias tem conhecido ao longo dos tempos
Monte Pero Bolso - aparece em registos paroquiais do século XVI e XVII
Momte Paraboloso - (Pinho Leal)
Monte de Pêro Bolso
Monteperobolço
Monte - simplesmente
Monteperobolso é a grafia oficial muito embora nos símbolos heráldicos se registe Monte Perobolço
Na vizinha Freguesia da Amoreira há uma outra povoação cujo topónimo também é "monte" é a aldeia do Monte da Velha.
História breve:
Monteperobolso ou mais simplesmente o Monte é uma aldeia da Beira Raiana povoada desde os tempos mais recuados.
Os dados mais antigos sobre estas regiões de riba Noémi e riba Coa são de 1500 a.C..
Por aqui passaram celtas, lusitanos, romanos, visigodos, sarracenos e cristãos, e há reminiscências da presença de judeus.
No período da Reconquista, o território das terras de Riba Coa pertenciam ao termo de Ciudad Rodrigo (Reino de Leão) tendo sido integradas na coroa portuguesa, já no reinado de D. Dinis com o célebre Tratado de Alcanizes em 1297, celebrado entre D. Dinis, de Portugal e D. Fernando IV, de Leão e que, para além da fixação da raia, (tratado fronteiriço mais antigo da Europa ainda hoje vigente) acordou o casamento de D. Constança (filha de D. Dinis e da Rainha Santa Isabel) com D. Fernando IV de Castela, e do príncipe D. Afonso (futuro D. Afonso IV), com a irmã do rei castelhano, D. Beatriz.
Desde o séc. XIII que as freguesias de Azinhal, Peva, Freixo, Mesquitela, Monteperobolso, Ade, Cabreira, Amoreira, Leomil, Mido, Senouras, Aldeia Nova, Parada, Porto Ovelha e Miuzela pertenciam ao concelho de Castelo Mendo (extinto em 1855).
1855 Nesta data foram anexadas pelo concelho do Sabugal que, poucos anos mais tarde,
1870 passaram a integrar o concelho de Almeida.
A freguesia do Monte faz fronteira com: Porto de Ovelha (S), Parada (SO), Mesquitela (N), Castelo Mendo (W), Amoreira (NO) e Ade (E).
A freguesia, foi extinta na reforma administrativa de 2013, e, desde essa data integra a Associação de Freguesias de Castelo Mendo, Mesquitela, Ade e Monteperobolso.
Entre o Monte e a Ade ergue-se a capela de Santa Bárbara comum às duas freguesias.
Em termos eclesiásticos o Monteperobolso começou por pertencer ao Bispado de Ciudad Rodrigo, e sucessivamente ao de Lamego e Pinhel.
Actualmente pertence à Diocese da Guarda.
O Monte tem como orago São Brás.
Regresso às origens
Em termos administrativos o Monte já fez parte de três concelhos
1 - Castelo Mendo de 1229 a 1855 (1)(2)
2 - Sabugal de 1855 a 1870
3 - Almeida de Dezembro de 1870 até hoje (3)
Parece-me que fica explicado o título do post
Em 2013 com a Reforma Administrativa, 28 de Janeiro de 2013, o Monte volta a ficar ligado a Castelo Mendo com a criação da Associação de Freguesias
Monteperobolso, Ade, Mesquitela e Castelo Mendo.
(Com a sede da Associação no Monte)
(1) - 24 de Outubro de 1855
(2) - O Concelho de Castelo Mendo era constituído pelas freguesias de Ade, Aldeia Nova, Amoreira, Azinhal, Cabreira, Castelo Mendo, Cerdeira, Freixo, Leomil, Mesquitela, Mido, Miuzela, Monteperobolso, Parada, Peva, Porto de Ovelha e Senouras
(3) Reforma Administrativa de Mouzinho da Silveira, em 1836 que divide o território em: Províncias, Comarcas e Concelhos. Foram criados 17 Distritos e o número de Concelhos foi reduzido para 351, eliminando 465 - decreto de 6 de Novembro de 1836.
O vizinho Concelho Medieval de Castelo Bom foi abolido nas reformas administrativas liberais em 1834, tendo sido anexado ao concelho de Almeida, conjuntamente com as seguintes freguesias: Freineda, Naves, São Pedro do Rio Seco e Vilar Formoso.
Património Religioso
Igreja matriz de invocação a São Brás; Capela de Santa Bárbara; Capela de São Brás; Passo do Senhor dos Aflitos.
O Planalto da Beira Raiana
No curso final da Ribeira do Noémi as margens direita e esquerda elevam-se em arribas para ambos os lados até chegarem ao rio Coa.
Na encosta da margem direita a linha do caminho de Ferro da Beira Alta namora a Ribeira do Noémi desde a Guarda e acompanha a ribeir ao longo dos 30 e tal kilómetros pelo Vale do Noémi até o comboio acompanha o Noémi até à Ponte sobre o Coa.
O Monte ergue-se no cimo de uma destas encostas, na margem esquerda.
Fica bem lá no alto, à porta do imenso planaito granítico da Beira Raiana e até ao Douro, só interrompido pela Serra da Marofa (976 m) e cumeadas dos cabeços circundantes.
Na chamada Rasa, ainda recordo de se falar na aterragem de aviões durante a II Guerra Mundial
Novo tipo de rochas surgem agora, são os xistos e que na bacia com o Rio Douro nos vão oferecer as já célebres gravuras rupestres de Foz Coa
Paisagem surpreendente e imensa desde Serra da Malcata, a Sul, passando pelo Sabugal até encontrar a Norte as povoações medievais de Casteko Mendo, Almeida, Pinhel, Castelo Rodrigo para depois serpentar a Serra da Marofa e oferecer as suas águas ao Douro.
Património Religioso
Igreja matriz de invocação a São Brás; Capela de Santa Bárbara; Capela de São Brás; Passo do Senhor dos Aflitos.
O Planalto da Beira Raiana
No curso final da Ribeira do Noémi as margens direita e esquerda elevam-se em arribas para ambos os lados até chegarem ao rio Coa.
Na encosta da margem direita a linha do caminho de Ferro da Beira Alta namora a Ribeira do Noémi desde a Guarda e acompanha a ribeir ao longo dos 30 e tal kilómetros pelo Vale do Noémi até o comboio acompanha o Noémi até à Ponte sobre o Coa.
O Monte ergue-se no cimo de uma destas encostas, na margem esquerda.
Fica bem lá no alto, à porta do imenso planaito granítico da Beira Raiana e até ao Douro, só interrompido pela Serra da Marofa (976 m) e cumeadas dos cabeços circundantes.
Na chamada Rasa, ainda recordo de se falar na aterragem de aviões durante a II Guerra Mundial
Novo tipo de rochas surgem agora, são os xistos e que na bacia com o Rio Douro nos vão oferecer as já célebres gravuras rupestres de Foz Coa
Paisagem surpreendente e imensa desde Serra da Malcata, a Sul, passando pelo Sabugal até encontrar a Norte as povoações medievais de Casteko Mendo, Almeida, Pinhel, Castelo Rodrigo para depois serpentar a Serra da Marofa e oferecer as suas águas ao Douro.
Castelo Mendo
Cerca de Castelo Mendo com os dois berrões à entrada
Castro Mendo é a designação que consta do documento mais antigo (1202) referente a Castelo Mendo.
Apesar do local ter conhecido ocupação desde a Idade do Bronze e mostrar vestígios da presença romana, a estrutura fortificada e o modelo urbanístico caracterizadores de Castelo Mendo, são uma criação medieval concebida para enfrentar as necessidades impostas pela Reconquista Cristã nos séculos XII e XIII e promover o repovoamento dos territórios muçulmanos anexados ao reino português e sustentar as disputas territoriais fronteiriças com os reinos cristãos de Leão e Castela na região de Riba-Côa.
Castelo Mendo recebeu a sua primeira carta de foral em 1186, outorgada por D. Sancho I, quando o monarca ordenou a reedificação do seu castelo, um importante ponto na linha de defesa das fronteiras nas terras de Riba-Côa e foi concelho de fundação medieval, com novo foral concedido em 1229 por D. Sancho II, estatuto que perdeu com a reforma administrativa liberal em 1855.
Em 1295, D. Dinis outorga-lhe Carta de Feira e novo Foral.
A Feira de Castelo Mendo é das mais antigas da região (1281, 18 de Dezembro, D. Dinis).
A Feira de Castelo Mendo é das mais antigas da região (1281, 18 de Dezembro, D. Dinis).
A partir do séc. XIV, estabilizada a fronteira com o Tratado de Alcanizes em 1297, Castelo Mendo continuará a integrar a rede de fortificações que defendem a raia beirã. Este sistema defensivo medieval só perde a sua eficácia militar com o século XVII, período que vê surgir as fortificações modernas.
Castelo Mendo - Livro das Fortalezas de Duarte de Armas (1509-1510) Dom Manuel I
Dois núcleos muralhados, de épocas construtivas diferentes, configuram Castelo Mendo.
No cimo do cabeço rochoso, dominando a paisagem envolvente, situa-se o Castelo com dois recintos distintos. O aglomerado civil desenhado em torno da Igreja de Nossa Senhora do Castelo dividido do pólo exclusivamente militar, localizado a Este, no ponto mais elevado, onde antes se erguia a Torre de Menagem.
Com o crescimento da povoação, o primitivo núcleo, supõe-se que mandado edificar por D. Sancho I ou D. Sancho II, é aumentado com nova cintura de muralhas a rodear o núcleo da vila. reinado de D. Dinis (fim do séc. XIII).
Todavia, quando o Tratado de Alcanizes estabeleceu em definitivo as fronteiras do reino e a povoação foi perdendo a sua importância defensiva-militar.
Pela encosta se estendeu a Vila, nela se organizando a vida da população abraçada pelos muros.
No cimo do cabeço rochoso, dominando a paisagem envolvente, situa-se o Castelo com dois recintos distintos. O aglomerado civil desenhado em torno da Igreja de Nossa Senhora do Castelo dividido do pólo exclusivamente militar, localizado a Este, no ponto mais elevado, onde antes se erguia a Torre de Menagem.
Com o crescimento da povoação, o primitivo núcleo, supõe-se que mandado edificar por D. Sancho I ou D. Sancho II, é aumentado com nova cintura de muralhas a rodear o núcleo da vila. reinado de D. Dinis (fim do séc. XIII).
Todavia, quando o Tratado de Alcanizes estabeleceu em definitivo as fronteiras do reino e a povoação foi perdendo a sua importância defensiva-militar.
Pela encosta se estendeu a Vila, nela se organizando a vida da população abraçada pelos muros.
Espaço fechado, comunica com o exterior por portas abertas a Norte, Poente e Nascente com acessos reforçados por torres.
A Igreja, reguladora dos comportamentos, acompanha os edifícios públicos, símbolos do poder político e da ordem civil: Casa da Câmara e Cadeia e Pelourinho. É também neste espaço privilegiado que as famílias localmente mais consideradas ergueram a sua casa.
Mas as populações que viviam dentro das muralhas dependiam quotidianamente do exterior. Aqui se situavam os campos cultivados e as terras de pastagens. Na devesa encontravam-se as fontes de água, de mergulho e todas datando do séc. XIII/XIV, como as Fontes Nova e Velha, e Estrufa, além do Chafariz remodelado posteriormente.
Fora das muralhas tinham ainda lugar acontecimentos mais ocasionais: a realização da feira (Alpendre), com uma tradição que remonta ao séc. XIII, sendo das primeiras do reino; ou celebrações associadas ao culto católico (Calvário).
Castelo Mendo - Pelourinho - Um dos mais altos de toda a Beira
Classificado como pelourinho de gaiola, o pelourinho de Castelo Mendo assenta numa plataforma de seis degraus octogonais, sobre a qual assenta coluna de fuste octogonal, com base decorada por folhas estilizadas. O capitel, de secção circular em forma de cone invertido, funciona como base da gaiola, e possui anéis decorados por diversos motivos, nomeadamente correntes, cabos, denteados invertidos e florões. O conjunto da gaiola é composto por chapéu, assente em colunelo torso, decorado por pérolas. O colunelo central é circundado por seis colunelos torsos e anelados, sustentados por grampos de ferro. Como remate da gaiola foi colocado chapéu cónico, decorado por cordame na zona inferior. É encimado por cone, de menores dimensões, coroado por catavento em forma de bandeirola bipartida.
Catarina Oliveira
Castelo Mendo foi classificada como Imóvel de Interesse Público em 1984.